A campanha “Minha história na UAN” está terminando e para fechar essa importante ação, convidamos a experiente Susana Steigleder para compartilhar suas experiências, desafios e conquistas. Ao unir essas narrativas, a iniciativa visa a não apenas fortalecer a rede de contatos, mas também oferecer aos leitores uma visão genuína do compromisso e paixão que impulsionam a indústria alimentícia. Este é um convite para ampliar horizontes, promover aprendizado e enriquecer a comunidade profissional do segmento, conectando profissionais e compartilhando insights valiosos.
UMA VIDA NA NUTRIÇÃO E GESTÃO DE COZINHAS INDUSTRIAIS
Por Susana Steigleder
Minha história na UAN ao longo desta trajetória de 42 anos atuando na área, dá para escrever, acredito que pelo menos uns 2 livros!! Mas aqui vou resumir em momentos determinantes para chegar até aqui. Tenho 63 anos, natural de Porto Alegre – RS. Estudei em São Leopoldo na Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS e me formei em 1983. Não escolhi primeiramente a Nutrição como carreira – pois na época era um curso novo e as perspectivas de emprego eram muito poucas. Na época as profissionais que estavam no mercado estavam atuando na área da Saúde Pública e Hospitais. Eu queria seguir a carreira na área de Medicina, porém, como não consegui as medidas para ingressar na Medicina resolvi conhecer a Nutrição e me apaixonei!
Eu comecei a trabalhar em 1981 como estagiária não remunerada numa cozinha industrial de refeições transportadas, que atendia clientes num raio de 120 km de Porto Alegre – preparava em torno de 6.000 serviços /dia. Um desafio gigante, trabalhar durante o dia e estudar a noite. A nutricionista responsável chamava-se Rose e para realizar seu trabalho contava com auxiliares administrativos e um comprador. Ela passou a ser a minha referência de trabalho, pois não preciso dizer que ela morava dentro desta empresa para dar conta de tudo. Como minha experiência era nenhuma, ela me colocou no estoque para atualizar as fichas de “kardex”( kkkk). Ela me mostrou como era a entrada e saída de materiais. Quando percebi estava recebendo mercadorias e quanto a liberação para a cozinha tinha que vir uma requisição assinada por ela para que pudesse liberar. Depois de algum tempo e me saindo bem nesta função me levou para sala dela. E foi aí que vislumbrei a Operação de uma cozinha “era literalmente um campo de batalha”. Realmente uma operação difícil e para ter uma ideia, se comprava o “boi casado” expressão usada para comprar o traseiro e o dianteiro. Literalmente tinha um grande açougue com a desossa e o cardápio era feito utilizando 100% dos cortes do traseiro e dianteiro. Nesta empresa tive a oportunidade de aprender a trabalhar com fator de correção, fator de cocção e por ser do segmento transportada não podia errar. As dificuldades eram muitas e entendi que “PLANEJAR” era vital e utilizar todos os conhecimentos que aprendi nas cadeiras de Tecnica Dietética e Administração de UAN. Vi que a vida dentro da Operação de UAN não era nada fácil, pois além do Planejamento tínhamos que entregar os custos da execução do cardápio do dia até a primeira hora do dia subsequente ao “Dono” da empresa! Este era feito a lápis e em fichas tamanho A4 (1 por dia e por serviço) Não existia nenhum sistema como o TECFOOD e similares que pudessem facilitar como hoje. Assim neste aprendizado diário e “on the job” fui contratada. Meu primeiro emprego e posso afirmar que o conhecimento adquirido lá fez total diferença para alcançar voos maiores.
A minha maior motivação foi de fato a Paixão pela Operação de uma cozinha. Minha carreira foi construída nos primeiros anos alicerçada na motivação do “Aprender”. Meu segundo emprego foi já para gerenciar 5 unidades e todas com serviço de Varejo. Meu terceiro, foi para gerenciar Área de Planejamento e Suprimentos de cozinha transportada. Até que resolvi participar de uma seleção (anúncio de jornal local) para trabalhar no estado de Minas Gerais cidade de Betim numa montadora! Não preciso dizer da dificuldade de participação desta seleção – sair de Porto Alegre até Belo Horizonte – 36 horas de ônibus para ir e depois voltar. Passagens aéreas tinham preços proibitivos. Passado uns 6 meses de processo e concorrendo com 44 candidatas a vaga – fui selecionada e admitida na minha primeira experiência numa megaempresa multinacional e autogestão – FIAT AUTOMOVEIS S.A.
A Fiat Automóveis foi meu segundo alicerce!! E fiz minha carreira gerencial com uma visão ampliada de práticas de uma empresa mundial. O início da minha jornada na FIAT foi com o cargo de Nutricionista para gerenciar a alimentação de 10.500 refeições/por dia. Tive a oportunidade de acompanhar ao longo de 10 anos o crescimento desta empresa. Quando resolvi alçar voo para u novo direcionamento em minha carreira. Neste momento eu já havia conquistado um cargo de Liderança e já gerenciava a 3 anos uma área chamada “Polo de Serviços “que compreendiam os seguintes serviços Alimentação, Transporte de Pessoal, Telecomunicações, Gestão da Frota de carros de serviços, Cesta básica, Eventos. Uma experiencia incrível!!! O qual sou muito grata para uma vida inteira!
Além da experiencia na Fiat Automóveis – recebi um convite da Puras do Brasil para assumir a direção da Filial de Minas Gerais que também determinou mais um degrau de ascensão na minha carreira. Depois assumi direção da filial também de Minas Gerais da Multinacional GRSA e na sequência ser Diretora da Mássima Alimentação durante 16 anos junto com Sr Rogerio da Costa Vieira, o qual tenho muita gratidão por todo aprendizado. Atualmente tenho minha empresa de Consultoria – a SVS Consulting que só foi possível pela trajetória de experiencia na área Operacional.
Os maiores desafios estão relacionados ao fator comportamental. O Sucesso nesta área é diretamente proporcional ao tamanho da sua paixão. Entendo que não podemos parar de aprender, numa UAN não existe um dia igual ao outro pois trabalhamos com pessoas e precisamos além do conhecimento técnico intrínseco desenvolver habilidades e competências de gestão de pessoas – liderança.
Para ter um bom desempenho na Gestão de uma UAN – precisamos SER – Gestores e Líderes – ora estamos acionando nosso lado mais racional trabalhando administrando recursos e resultados e ora o nosso lado mais emocional trabalhando os aspectos emocionais. O maior desafio é transitar entre estes dois aspectos para atingir um equilíbrio e atingir a excelência numa gestão
Ser um Lider não significa ser um bom Gestor!!! E vice e versa – a premissa é verdadeira precisamos lembrar disso o tempo todo e procurar conhecimento incansavelmente. Depois dos mais de 40 anos neste segmento não preciso dizer o quanto AMO verdadeiramente o que faço! nesta trajetória olhando para traz penso que poderia corrigir alguns erros que cometi, porém os erros fazem parte do aprendizado!