Temos constatado, pela imprensa, nos últimos dias, notícias de desligamento de pessoal, em uma montadora de veículos, o que pode ser um movimento que ocorrerá em todas as montadoras. Infelizmente, existe a chance de o executivo não estar refletindo no efeito cascata que será visto em todas as empresas fornecedoras, de logística e comercialização que, se mantida a crise, poderão ter redução no quadro de seus empregados, devido a uma queda no número de refeições. Lembrando que o setor em sua forma abrangente representa 18% do PIB (Produto Interno Bruto) industrial e 3% do PIB total do Brasil. Para cada um colaborador das montadoras demitido, o correspondente na indústria automobilística é de 10 a 10 empregados, ou seja, a cada uma demissão nas montadoras de veículos, 10 a 12 são demitidos em todo a cadeia produtiva.
A cadeia produtiva automobilística, juntamente com as do setor de construção civil e agricultura, são as grandes alavancadoras de impostos, empregos e renda. A área de serviços (lojas, cabeleireiros, padarias etc.) é uma das geradoras de emprego, também, mas se houver uma queda na renda essa área sofrerá impactos diretos e, ainda, uma redução no recolhimento de impostos, afetando o caixa do governo. O setor automotivo, que não pode ser confundido somente com montadoras, é mais abrangente e compreende a indústria de manufatura de veículos leves, camionetas e utilitários, caminhões e ônibus, máquinas agrícolas e rodoviárias, autopeças e diversos outros produtos e serviços que compõem os elos da cadeia produtiva ou complexo automotivo. Trata-se de um dos maiores consumidores de matérias-primas, que abrange a produção e empregos de setores como aço, alumínio, vidro, plástico, borracha e pneus, componentes elétricos, tinta, entre outros, contribuindo diretamente para o desenvolvimento tecnológico dessas indústrias.
Segundo o conceito da mão invisível, teoria econômica de Adam Smith, o mercado livre teria o poder de se autorregular, sem a necessidade de intervenção do Estado. Assim, o crescimento econômico e o progresso de uma nação seriam alcançados com uma sociedade livre, onde as pessoas agem conforme seus interesses pessoais. Conforme observado no passado, uma intervenção governamental proporciona subsídios ao consumo e tem efeitos perversos, como já vimos, aumentando a dívida pública e a inflação, mas este é assunto para outra conversa.
Finalizamos o artigo enfatizando que a situação atual é um alerta aos empresários do segmento de alimentação, que devem considerar que se por acaso o cenário comentado venha a ocorrer, haverá, em toda a cadeia automotiva, pressões para redução de custos, o que inclui a alimentação.
Por derradeiro, qual a estratégia e quais são os cenários em sua empresa? Você está pensando nisso, se antecipando?