- Metodologia de apuração
A JLucentini – Consultores Associados mensalmente presta informação qualitativa, objetivando orientar os gestores de empresas de alimentação a respeito da inflação dos gêneros alimentícios, e seus impactos na erosão dos lucros.
A nossa metodologia considera preço à vista nos maiores atacadistas do Estado de São Paulo, tomando-se um cardápio-base composto por itens componentes do desjejum, almoço (incluindo sopa), lanche e jantar.
- Inflação em outubro/2023
Em outubro, a inflação nos preços dos alimentos indiciou uma variação do que vinha ocorrendo nos meses anteriores. Segundo a apuração da Consultoria JLucentini, os preços tiveram uma pequena queda de -1,20%, podendo também ser observado essa alternância no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que perfez 0,24%, uma queda de 0,11% frente aos 0,35% do mês de setembro.
Os preços do grupo das proteínas sofreram queda de -7,44% e esse impacto vem das carnes bovinas (-9,47%), suínas (-1,57%) e dos peixes (-13,52%). A baixa oferta de animais e as exportações aquecidas mantiveram os preços elevados até setembro e, em outubro, houve forte redução, diante da suspensão dos envios de carne à China. Os preços da carne suína tiveram queda diante das baixas exportações e da dificuldade de escoamento do produto para o mercado.
O feijão também teve uma queda significativa de -2,26%, já que os grãos colhidos com a irrigação abasteceram o varejo e influenciaram a diminuição dos preços. A queda do preço do tomate de -2,80% pode ser atribuída às condições climáticas desfavoráveis e ao calor intenso, que amadureceu precocemente o tomate e elevou a oferta desse alimento no varejo. Outros alimentos que reduziram seus preços foram as alfaces (crespa e lisa) com -10,35%, o óleo, com -1,56% e a linguiça calabresa, com -1,13%.
Fonte: JL Consultoria Empresarial.
Mesmo com a taxa mensal tendo o indicativo de queda nos preços, alguns alimentos tiveram o processo oposto. Essa alta foi impulsionada pelo aumento dos seguintes grupos: arroz, guarnição, sopa, café e bebidas.
O arroz teve uma alta de 5,96% e esse resultado é influenciado pela menor oferta, já que estamos no período de entressafra e houve maior demanda de exportação. Já no grupo das guarnições, os alimentos que influenciaram o aumento de 2,79% foram a batata (38,52%), a cenoura (8,41%), a mandioca (4,59%), a couve-manteiga (3,29%) e o espinafre (9,29%). A batata sofreu uma alta devido ao resultado dos aumentos de chuvas nas regiões produtoras, que prejudicaram a colheita.
Os preços das bebidas perfizeram 16,27%, acompanhados do aumento da sopa, que resultou em 2,20%. Já o café sofreu aumento de 5,09% devido ao forte avanço nos preços na Bolsa de Nova Iorque e maior estabilidade na Bolsa de Londres, acompanhando as cotações e tendências globais no Brasil.
- Índices oficiais versus índices reais de inflação da alimentação
Comparativamente aos índices oficiais, temos o seguinte quadro comparativo, que corrobora com o cálculo acima: reajuste nos preços de venda versus inflação nos alimentos (fonte: Valor Consulting e ABERC).
Índice | Outubro/23 | Acumulado
2023 |
Últimos
12 meses |
Acumulado
2022 |
Índice da JL Consultoria | -1,20 % | 0,40% | 7,40% | 14,30% |
IPCA | 0,24% | 3,74% | 4,81% | 5,90% |
INPC | 0,12% | 3,03% | 4,14% | 5,93% |
IGPM | 0,50% | -4,46% | -4,57% | 5,45% |
IPA M | 0,60% | -7,16% | -7,60% | 5,27% |
IPC-M | 0,27% | 2,82% | 3,94% | 4,30% |
FIPE | 0,30% | 2,32% | 3,35% | 7,32% |
Como temos destacado em artigos anteriores, há deterioração no lucro das empresas de alimentação corporativa, pois apesar de uma tendência de queda no índice, a inflação há alguns meses atingiu a casa de 25% no acumulado. Isso significa que os reajustes nos preços serão realizados, por exemplo, via IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) e índices menores, que não levam em consideração a inflação elevada dos últimos 12 meses.
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JLucentini Consultoria
Referências bibliográficas:
INFONET. Feijão e tomate contribuem para queda de preços na cesta básica. Disponível em: <https://infonet.com.br/noticias/economia/feijao-e-tomate-contribuem-para-queda-de-precos-na-cesta-basica/>. Acesso em: 10 de nov. 2023.
KRETER, A. C. et al. Mercados e preços agropecuários. Disponível em: <https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/tag/precos-agropecuarios/>. Acesso em: 10 de nov. 2023.
MARTINS, A. IPCA de outubro tem alta de 0,24%; inflação acumulada de 12 meses avança para 4,82%. Disponível em: <https://exame.com/economia/ipca-de-outubro-2023/>. Acesso em: 10 de nov. 2023.
MOURA, B. F. Inflação de outubro fica em 0,24%, puxada pelas passagens aéreas. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2023-11/inflacao-de-outubro-fica-em-024-puxada-pelas-passagens-aereas>. Acesso em: 10 de nov. 2023.
SILVEIRA, D. Preço de alimentos e bebidas cai pelo 5º mês seguido, mas ainda está acima do que era há 1 ano. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/noticia/2023/10/26/preco-de-alimentos-e-bebidas-ipca-15.ghtml>. Acesso em: 10 de nov. 2023.