- Metodologia de apuração
A JLucentini – Consultores Associados mensalmente presta informação qualitativa, objetivando orientar os gestores de empresas de alimentação a respeito da inflação dos gêneros alimentícios, e seus impactos na erosão dos lucros.
A nossa metodologia considera preço à vista nos maiores atacadistas do Estado de São Paulo, tomando-se um cardápio-base composto por itens componentes do desjejum, almoço (incluindo sopa), lanche e jantar.
- Inflação em janeiro/2024
O ano de 2024 já começou evidenciando um aumento na inflação dos alimentos. As elevadas temperaturas neste início de ano, com a intensificação do fenômeno El Niño, estão por trás dessa alta nos preços. Como observado na apuração feita pela Consultoria JLucentini, janeiro teve uma alta de 3,80% e o IPCA-15, uma espécie de prévia da inflação, resultou em 0,31% no primeiro mês do ano.
Os grupos que mais foram atingidos com o aumento nos preços foram os alimentos in natura, como raízes, tubérculos, hortaliças, legumes, grãos e frutas, que sofreram drasticamente com as temperaturas elevadas no início do ano.
O feijão teve uma alta de 15,77%. Já os grupos de molhos e temperos tiveram um amento de 5,57%. Em seguida, a sopa subiu 18,67% e as guarnições 19,47%. Ambos os grupos foram influenciados pelos seguintes alimentos: batata (52,87%), cenoura (79,15%), tomate (1,70%), mandioca (92,82%), escarola (14,11%) e espinafre (7,82%).
O fenômeno climático também pode impactar nas lavouras de ciclos longos, como milho e soja, em que o Brasil é o maior produtor mundial e grande exportador. O clima interfere também no mercado interno, pois a soja e o milho são consumidos como ração por suínos, aves e até bovinos. Por isso, se esses grãos ficam mais caros, a carne desses animais também sobe de preço, “espalhando” a inflação.
Fonte: JL Consultoria Empresarial.
Já os grupos de alimentos que tiveram quedas em seus preços foram o arroz (-1,59%), a proteína (-1,41%) e o café (-15,07%).
A queda dos preços do arroz é resultado da soma das safras do final do ano de 2023 e a nova safra de 2024, que resultaram em uma grande oferta, aumentando a quantidade de sacas no país para importação e exportação.
Já a queda nos preços das proteínas é devido à menor demanda esperada para o início do ano, por conta das despesas da população, mas o setor continua com a estratégia de diminuir os preços para melhorar a liquidez e evitar aumento nos estoques.
O café aprofundou baixas em janeiro e o fator que pressiona as cotações do café é o aumento de 5,5% na previsão da safra brasileira em 2023/2024, que deve chegar a 58,08 milhões de sacas de café beneficiado.
- Índices oficiais versus índices reais de inflação da alimentação
Comparativamente aos índices oficiais, temos o seguinte quadro, que corrobora com o cálculo acima: reajuste nos preços de venda versus inflação nos alimentos (fonte: Valor Consulting e ABERC).
Índice | Janeiro/24 | Acumulado
2024 |
Últimos
12 meses |
Acumulado
2023 |
Índice da JL Consultoria | 3,80 % | 3,80% | 8,70% | 5,00% |
IPCA | 0,31% | 0,31% | 4,46% | 4,62% |
INPC | 0,57% | 0,57% | 3,82% | 3,70% |
IGPM | 0,07% | 0,07% | -3,32% | -3,18% |
IPA M | -0,09% | -0,09% | -5,78% | -5,60% |
IPC-M | 0,59% | 0,59% | 3,38% | 3,40% |
FIPE | 0,46% | 0,46% | 2,97% | 3,15% |
Como temos destacado em artigos anteriores, há deterioração no lucro das empresas de alimentação corporativa, pois apesar de uma tendência de queda no índice, a inflação há alguns meses atingiu a casa de 25% no acumulado. Isso significa que os reajustes nos preços serão realizados, por exemplo, via IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) e índices menores, que não levam em consideração a inflação elevada dos últimos 12 meses.
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JLucentini Consultoria
Referências bibliográficas:
PILAR, A. F. Prévia da inflação em janeiro desacelera e sobe 0,31%, mas alimentos ainda pressionam. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2024/01/26/ipca-15-previa-da-inflacao-sobe-031percent-em-janeiro-com-aumento-dos-alimentos.ghtml>. Acesso em: 10 de fev. 2024.
PRADO, I. Preços da carne de frango diminuem no início de 2024. Disponível em: <https://sba1.com/noticias/noticia/28991/Precos-da-carne-de-frango-diminuem-no-inicio-de-2024#google_vignette>. Acesso em: 10 de fev. 2024.
RODRIGES, M. Inflação da chuva: saiba como o clima tem afetado os preços dos alimentos. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2024/02/04/inflacao-da-chuva-como-o-clima-tem-afetado-os-precos-dos-alimentos.htm>. Acesso em: 10 de fev. 2024.
SAID, F. Com El Niño, alimentos vão pressionar inflação em 2024; saiba quais. Disponível em: <https://www.metropoles.com/brasil/com-el-nino-alimentos-vao-pressionar-inflacao-em-2024-saiba-quais>. Acesso em: 10 de fev. 2024.