A campanha “Minha história na UAN” convida profissionais do setor a compartilharem suas experiências, desde os desafios iniciais até grandes conquistas, criando um mosaico rico de trajetórias na área da Nutrição. Ao unir essas narrativas, a iniciativa visa a não apenas fortalecer a rede de contatos, mas também oferecer aos leitores uma visão genuína do compromisso e paixão que impulsionam a indústria alimentícia. Este é um convite para ampliar horizontes, promover aprendizado e enriquecer a comunidade profissional do segmento, conectando profissionais e compartilhando insights valiosos.
UMA CARREIRA DEDICADA A MELHORAR VIDAS
Por Filomena Filipe
Eu, Filomena Filipe, iniciei minha carreira como nutricionista em 1987, após me formar na Universidade do Sagrado Coração de Bauru, cidade do interior próxima à minha cidade natal, Araçatuba/SP.
A decisão de me tornar nutricionista foi baseada no desejo de ajudar pessoas a manter a saúde, auxiliando em promover hábitos alimentares saudáveis e combater problemas de saúde relacionados à alimentação. Na época eu não tinha muita noção de que forma seria executado esse trabalho, mas tinha uma grande vontade de trabalhar próxima aos médicos e hospitais.
Quando comecei a faculdade, logo no primeiro ano me apaixonei. Estudar o corpo humano foi fantástico, porém, ao longo dos anos fui participando de alguns projetos da universidade e, em um deles, “Os benefícios do leite de soja” e sua aceitação em escolas, me fez mudar o olhar inicial. Junto com esse vieram outros projetos, até chegar à etapa dos estágios, que foi o divisor de águas; aí, então, me dobrei e a UAN falou mais alto.
Dois meses depois de formada, comecei a minha jornada na área de UAN, em uma multinacional, líder de mercado, embora isso tenha me afastado da casa dos meus pais, a 700 km de distância. No entanto, a motivação pelo aprendizado e a alegria de me manter por conta própria me impulsionavam a ir além, e assim resultados foram sendo conquistados. Com isso, alguns prêmios vieram, como: “Destaque operacional” e “Unidade Padrão”, por diversas vezes, o que me proporcionou experiências diferentes e extremamente valiosas.
O trabalho na UAN era desgastante, duro e até injusto, especialmente em cenários ruins, com contratos mal negociados, falta de recursos operacionais para cumprir as “promessas” realizadas aos clientes, mão de obra desqualificada e a infraestrutura muitas vezes deixando a desejar. Naquela época não se questionava muito sobre qualidade de vida, mas analisando esse cenário hoje posso te afirmar que ela não correspondia às minhas expectativas como nutricionista.
Mas essas adversidades serviram de estímulos para dar continuidade, pois a paixão pelo que se faz foi superior.
Foi em meados dos anos 90 que recebi a oportunidade de trabalhar como Supervisora do Controle de Qualidade. Nesse cargo me vi instigada a implementar melhorias significativas nos padrões de qualidade em restaurantes, hospitais e escolas, independentemente das condições que se apresentavam. Também vivenciei experiências na área de qualificação de fornecedores e cozinha experimental. Foi então que recebi meu maior desafio: desenvolver a área de qualidade no setor hospitalar, que fez o sonho inicial pela Nutrição voltar a florir, ao ter que desenvolver manuais de dietas, orientações de alta, manuais de lactário e documentos de boas práticas de fabricação, entre outros. Foi uma missão árdua, mas estava determinada a fazer a diferença nesse mundo de UAN, cheio de detalhes e com público diferenciado.
Assim tive a grande experiência de conhecer e saber como funcionava a área da Nutrição nos hospitais na França, vivência riquíssima e inesquecível.
Após 15 anos de dedicação a essa empresa, à qual tenho uma gratidão imensa, decidi dar um passo audacioso na minha carreira e em 2003 me tornei uma consultora de alimentos.
Ressalto que nesse meio-tempo o estudo foi primordial, fiz muitos cursos, incluindo pós-graduação em Marketing Nutricional e MBA em Administração em Alimentação, que foram fundamentais para realizar essa mudança.
Nesse novo capítulo os desafios enfrentados são ainda maiores e auxilio com a minha experiência e vivência, aprimorando os serviços de alimentação, na busca por resultados de gestão operacional melhores e segurança dos alimentos em conformidade com as regulamentações rigorosas.
Como é prazeroso melhorar a vida de clientes, participando de suas conquistas e, algumas vezes, descobrindo junto os caminhos alternativos em busca de resultados!
Aproveito para mencionar e refletir sobre o mundo da UAN, diante do que tenho observado nessa caminhada.
Há uma diversificação de cenários dentro das empresas de refeições corporativas. Às vezes, dentro da mesma empresa algumas áreas são mais evoluídas e outras, nem tanto; o que eu posso dizer para a sobrevivências das empresas é que há necessidade de mudanças rápidas, principalmente na inclusão de inovações tecnológicas, tanto para o preparo de alimentos, monitoramento de equipamentos (temperaturas e tempo) e processos, quanto para sistemas de informatização para controles administrativos (estoques, principalmente, financeiro etc.), buscando, assim uma produtividade maior e perdas desnecessárias. Não podemos esquecer que a inteligência artificial tem papel fundamental para essa transformação.
Inovação nos cardápios, buscando uma gastronomia mais saudável e mais natural – é isso o que o consumidor almeja atualmente.
Redução de desperdícios de alimentos e práticas sustentáveis são fundamentais, não dá para deixar para depois.
Tem um item que é a “chave motriz” de qualquer empresa, que é investir em pessoas, uma vez que desempenham um papel fundamental na realização dos objetivos e no alcance de resultados e sucesso operacional. Quando as empresas mudarem suas prioridades e entenderem que são estas pessoas que as tornam brilhantes, será fantástico.
Acho também que os restaurantes corporativos poderiam buscar diversificar os seus serviços, trazendo inovações do food service, os adaptando para a realidade das refeições coletivas.
Enfim, posso dizer que minha jornada de realizações e superações me levou a lugares que nunca imaginei, mas minha paixão por contribuir para melhorar a qualidade dos alimentos que as pessoas consomem permanece inabalável.