Antes de abordarmos o assunto de criatividade dentro de refeições coletivas, precisamos entender o que é o processo criativo e como ele funciona. Diferentemente do que muitos consideram, a criatividade não é importante apenas na área artística. Todos os segmentos empresariais precisam de processos criativos, pois eles contribuem para estruturar melhor as atividades e trazer soluções para eventuais projetos ou problemas na organização. Quando existem determinados objetivos e metas na empresa, os processos criativos podem ser desenvolvidos por estímulos, incentivos e treinamentos. De forma geral, esse processo é a estruturação de uma ideia executada pela criatividade, cujo objetivo é solucionar um problema, trazer novos conceitos e processos que possam colaborar com a empresa de forma relevante. Vale ressaltar que essas ideias novas precisam ser pertinentes e justificáveis, quando e se for usá-las.
Uma pessoa considera uma ideia ou pensamento como algo criativo, baseado em suas vivências, emoções e opiniões sobre determinado assunto. O que é criativo para um indivíduo que cresceu afastado da tecnologia pode não ser para outro que nasceu em uma família de desenvolvedores de software. Durante muitos anos, a criatividade esteve ligada à capacidade de solucionar problemas, algo inovador e original. Hoje em dia, porém, a criatividade não está ligada à originalidade. O iFood, por exemplo, foi inovador, mas não foi original, pois já existiam restaurantes, clientes, GPS e aplicativos. A ideia de juntá-los no intuito de solucionar um problema foi o que o tornou criativo e inovador.
O segmento de Food Service está em constante evolução e, com o passar do tempo, as empresas têm buscado melhorias e adequações. Com a ajuda da tecnologia e da IA (Inteligência Artificial), diversos processos foram mudados, aperfeiçoados e implantados. Criar algo novo nesse segmento pode ser desafiador e, por essa razão, o processo criativo deve ser utilizado com a maior maestria possível, seja para solucionar um problema na sede ou para trazer algo novo às unidades operacionais.
Visto que o processo criativo é a estruturação de um pensamento, com objetivo de usar a criatividade em prol de algo necessário, é preciso fazer uma série de questionamentos para entender qual é a intenção ou a finalidade da solução em questão. A refeição está diretamente ligada às emoções e memórias afetivas. Existem sabores, ingredientes e aromas que nos remetem a sensações boas, a uma época diferente ou alguém especial. Quem nunca se lembrou de algo emocionante ao provar uma refeição ou alimento específico? Esse é um ponto que pode ser positivamente explorado para o processo de criatividade no segmento de refeições coletivas.
Supondo que a empresa queira inovar ou criar algo diferente em suas operações, seria interessante usar o método Designer Thinking. Esse método é uma abordagem de pensamento que, com a ajuda dos stakeholders (pessoas envolvidas direta ou indiretamente com a organização), procura entender melhor os desejos e necessidades do cliente, para atender essa demanda da melhor maneira possível. Você pode iniciar esse processo com a empatia, ao enxergar as dores, necessidades e aspirações do cliente através dos olhos dele, e não dos seus. É preciso entender o que o cliente considera inovador, desconsiderando a sua opinião. O segundo ponto é a colaboração, processo em que se reúne o maior número de pessoas de várias áreas envolvidas para buscar diferentes ideias e soluções de inovação.
Outro método de estimular a criatividade no ambiente de trabalho é conhecido como brainstorm, ou “chuva de ideias”. A proposta se resume em uma reunião com várias pessoas, de outras áreas até, pensando no mesmo problema, criação, mudanças e adequações. Nesse momento, qualquer ideia que surge é considerada como uma possibilidade de solução. Só depois do brainstorming são selecionadas as ideias com maior potencial. Para o Designer Thinking funcionar é imprescindível que haja um momento dedicado ao entendimento sobre o problema. Os questionamentos devem envolver, além do objetivo, as alternativas possíveis para atingi-lo e quem são as pessoas que podem contribuir para a solução.
Resumidamente, para inovar algo é preciso passar por um processo criativo. Esse processo é composto por quatro etapas e é importante respeitar cada uma delas para que o resultado seja satisfatório. O processo se inicia com um problema, que pode estar relacionado com a operação, ou com uma oportunidade de expandir os serviços em um cliente. Nessa primeira fase é preciso ter capacidade analítica e enxergar detalhes ou problemas que geralmente não são vistos.
Após considerar uma necessidade de mudança ou resolução de um problema, passamos à coleta de informações. Essa segunda fase é onde consideramos as informações específicas relacionadas ao problema/necessidade, e também ideias de fora, outros conhecimentos e visões que possam colaborar para uma solução.
Agora precisamos desenvolver as ideias, ou seja, é a fase de verificação. Aqui é preciso questionar fortemente se a ideia é realmente boa ou se pode colaborar de alguma forma, além de analisar se o momento é viável para sua implantação.
Já a última fase, a de execução, é o momento mais difícil, pois essa ideia precisa ir para frente e muitas vezes faltam recursos ou não são bem-vindas. Por isso, não basta a ideia ser boa, ela precisa ser vendida para que não deixe de ser aproveitada. É preciso mostrar que tem relevância para o momento e necessidade atual. Muitas vezes, sugestões de mudanças, seja no comercial, operações ou compras, deixam de ser aproveitadas por não estarem adequadas ao momento ou não serem consideradas relevantes. Toda ideia precisa ser analisada e considerada antes de ser descartada.
Um dos pontos mais importantes, para não dizer imprescindível para a criatividade, é o conhecimento, a busca pela informação e o comportamento do segmento, as mudanças que seguem com o passar do tempo. Quanto mais o profissional conhecer sobre o assunto e se manter atualizado, maior é a chance de encontrar novas possibilidades de inovação. Neste contexto, a partir do treinamento, os colaboradores desenvolvem o pensamento lógico e todas as ideias podem ser aproveitadas. Em momentos de crise, empresas que possuem funcionários que pensam fora da caixa conseguem solucionar grandes problemas, trazer mudanças relevantes e até mesmo crescer em um período complicado.