Há muitos artigos e debates sobre a ESG, cuja sigla vem do inglês e significa Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança), cujo conceito tem usos diferentes, podendo ser aplicado internamente, na gestão de empresas de qualquer segmento de atividade, ou externamente, no envolvimento de seus stakeholders, que são todas as pessoas, empresas ou instituições que têm algum tipo de interesse na gestão e nos resultados de um projeto ou organização, influenciando ou sendo influenciadas – direta ou indiretamente – por ela, cuja abrangência demonstramos no quadro a seguir.
Um dos temas que faz parte desse modelo corresponde à economia circular, que tem como objetivo principal o uso racional de recursos, ou seja, significa que estes recursos devem circular no máximo de seu valor, em sistemas industriais integrados e regenerativos.
Esse modelo econômico, que oferece o melhor uso de recursos naturais e aumento da competitividade na indústria, teve sua origem em 1989, face a um artigo elaborado pelos ambientalistas britânicos David W. Pearce e R. Kerry Turner. O modelo foi adotado, gradativamente, pelas indústrias, não sendo um modismo, mas uma forma de contribuir com o meio ambiente e para a redução nos custos.
No referido artigo os autores demonstraram que a economia tradicional (extrair, produzir e descartar) não considerava a reciclagem e, desta forma, o meio ambiente possuía um papel secundário, como simples reservatório de resíduos. A mudança ocorrida com a economia circular foi inspirada na lógica cíclica da natureza.
O objetivo da economia circular é criar processos mais eficientes, em que se mantenha uma melhor gestão de recursos naturais, com foco em manter produtos e materiais em seu maior nível de utilidade e valor, dentro do escopo do desenvolvimento sustentável. A economia circular é projetada para manter um longo ciclo, utilizando a matéria-prima e transformando-a infinitamente, seja através da reciclagem ou do reaproveitamento. Vale dizer que a geração de resíduos nesse modelo econômico é mínima.
O circuito é fechado e minimiza o consumo de matérias-primas e de energia. O design é importante para viabilizar a circularidade, visto que o produto será desmontado e transformado.
Abaixo indicamos quadros comparativos da economia linear, extraídos do site Carinho Ecogreen.
Fonte: Carinho Ecogreen (on-line).
Na economia linear a cadeia produtiva tem como objetivo a extração máxima de recursos, a produção de bens e o descarte desses bens, deixando de fora processos como a reciclagem. Esse modelo é o mais enraizado na nossa economia, mas está se provando inviável, uma vez que causa o esgotamento dos recursos finitos do meio ambiente e uma enorme geração de resíduos.
Além da extração insustentável de recursos e a contaminação decorrente da produção e descarte de produtos, o sistema linear depende do consumo de recursos finitos para o desenvolvimento da economia, o que traz o esgotamento destes recursos. Com menos recursos disponíveis, há custos cada vez mais elevados de extração, o que traz instabilidade e insegurança em relação ao futuro.
Assim como no meio ambiente, em que os restos de alimentos voltam à terra como adubo, na economia circular não existe resíduo, pois todos os materiais podem voltar ao ciclo produtivo, seguindo o conceito do “berço ao berço”. Para especialistas, se algum material não pode ser reaproveitado, ele nem deveria existir, destacando que a economia circular ultrapassa o âmbito e o foco das ações de gestão de resíduos e de reciclagem, visando a um escopo mais amplo que engloba desde o redesenho de processos, produtos e modelos de negócio, até a otimização da utilização de recursos. Por isso as principais características e benefícios do modelo circular são:
- Minimização da extração de recursos
- Aumento da reutilização e reciclagem
- Aumento da eficiência de produtos e processos
- Redução da pegada ecológica
- Maior segurança quanto ao uso dos recursos naturais e suas disponibilidades
- Aumento da competitividade de empresas com desenvolvimento sustentável
- Estímulo ao crescimento econômico
- Maior espaço para inovação e tecnologia
- Criação de novos empregos
Na economia circular os materiais são aproveitados em cadeia de forma cíclica e os recursos naturais são valorizados em todas as etapas produtivas, pois o objetivo é reduzir sua extração e ampliar sua disponibilidade. Assim, a economia circular tem potencial para reverter danos ambientais como o aquecimento global e a poluição, por exemplo.
As medidas adotadas pelo sistema circular para a diminuição de resíduos e o uso eficiente dos recursos naturais podem significar poupanças para as empresas, permitindo a redução das emissões de gases do efeito estufa, já que os materiais de uso cotidiano são responsáveis por 45% das emissões.
A economia circular também pode fornecer aos consumidores produtos mais duradouros e inovadores, com vista a melhorar a qualidade de vida e permitir-lhes poupar dinheiro a longo prazo.
Diferentemente do Brasil, existem países e regiões que já estão mais avançados nas discussões sobre o modelo da economia circular. Na Europa, por exemplo, o Parlamento Europeu aprovou uma classificação baseada em seis objetivos, que visam a orientar os investimentos públicos nos países do bloco que precisam atingir metas já estabelecidas nos acordos do clima, nas diretrizes contra a poluição de rios e mares, e nos compromissos internacionais em relação aos resíduos. Destacam-se:
- A mitigação das alterações climáticas
- A adaptação às alterações climáticas
- A utilização sustentável e a proteção dos recursos hídricos
- A transição para uma economia circular
- A prevenção e o controle da poluição
- A proteção e o restauro da biodiversidade e dos ecossistemas
Com esses seis objetivos será possível identificar as empresas que realmente são sustentáveis, fugindo do famoso green washing, que se refere ao ato de empresas e marcas utilizarem discursos sustentáveis em propagandas, embalagens e outras coisas, sem, no entanto, agirem de acordo com esses princípios.
As empresas de alimentação possuem uma série de insumos, como óleo de soja, produtos de higiene e limpeza, descartáveis, sobras de alimentos, descarte de lixo, dentre outros, que deveriam ter como premissa uma gestão adequada de economia circular, considerando ainda outros aspectos, como o consumo de água, gás e energia, e as empresas de refeição transportadas, como as indústrias de alimentos, podem contribuir para essa nova ordem.
Fonte:
CNI – Confederação Nacional da Indústria. Economia circular: entenda o que é, suas características e benefícios. Disponível em: <https://www.portaldaindustria.com.br/industria-de-a-z/economia-circular>. Acesso em: 20 de abr. 2023.