- Metodologia de apuração
A JLucentini – Consultores Associados mensalmente presta informação qualitativa, objetivando orientar os gestores de empresas de alimentação a respeito da inflação dos gêneros alimentícios, e seus impactos na erosão dos lucros.
A nossa metodologia considera preço à vista nos maiores atacadistas do Estado de São Paulo, tomando-se um cardápio-base composto por itens componentes do desjejum, almoço (incluindo sopa), lanche e jantar.
- Inflação em setembro/2023
Em setembro, a Consultoria JLucentini apurou uma alta nos preços dos alimentos de 7,60% e esse aumento também foi registrado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que perfez 0,35%. Um dos maiores responsáveis por esse acréscimo foi a alta da gasolina, que influencia diretamente os preços de diversos alimentos.
Os recentes reajustes nos preços dos combustíveis – gasolina (16,3%) e diesel (25,8%) – impactaram sucessivamente nos alimentos não industrializados, ou seja, produtos de consumo diário onde não se tem grandes estoques, que necessitam de frete e entregas contínuas, como é o caso das FLV (Frutas, Legumes e Verduras) e proteínas. Não somente o fator transporte influenciou nesse aumento, mas também a alta das temperaturas que tivemos em setembro.
O clima quente excessivo, fora de estação, causa sérios prejuízos às plantações, principalmente cultivos de clico curto, como as hortaliças, legumes e verduras. No campo, as altas temperaturas, associadas à fraca incidência de chuva, podem afetar o desenvolvimento das plantas, contribuindo para sérias modificações na sua fisiologia e metabolismo, acelerando a maturação dos frutos e podendo até reduzir a germinação das sementes. Além disso, favorece o desenvolvimento de pragas e doenças, o que eleva o custo de produção.
Esse impacto podemos observar nos grupos das saladas e sopas, que registraram respectivamente 2,60% e 2,55%. Dentro desses dois grupos, os alimentos responsáveis pelos aumentos foram cenoura (9,91%), alfaces lisa e crespa (7,95%), acelga (2,80%) e tomate (1,59%).
Como efeito dominó, esse aumento respinga nas proteínas, já que a ração dos animais é composta por diversos grãos e vegetais, gerando um aumento no preço para o consumidor de 15,60%. Na pecuária, não somente a alimentação dos animais é afetada, mas ondas de calor seguidas por frio podem prejudicar a saúde e a qualidade desses animais, e isso reduz a produtividade e interfere diretamente na produção de leite e ovos.
Fonte: JL Consultoria Empresarial.
Apesar dos grandes aumentos registrados no mês de setembro, alguns alimentos seguiram o sentido oposto, tendo queda em seus valores. O arroz é um deles, registrando -0,81%. Com a proibição de exportação de arroz para a Índia no mês anterior, restou a safra que seria exportada, “inundando” o mercado com excesso de sacas. Então, para suprir esse desfalque, a solução é diminuir o preço da venda para que se reajuste e equilibre novamente as safras.
Outro alimento que sofreu queda no preço foi o café, com -2,82%. A desvalorização significativa dos preços ao longo de setembro impactou negativamente a liquidez no mercado nacional. De acordo com especialistas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), os valores de transação foram considerados insatisfatórios pelos produtores, levando-os a um ritmo de comercialização bastante lento. A média mensal registrou uma redução de 1,9% em seus preços, em comparação com agosto de 2023, e uma queda de 33,7% em relação a setembro de 2022, em termos reais.
- Índices oficiais versus índices reais de inflação da alimentação
Comparativamente aos índices oficiais, temos o seguinte quadro comparativo, que corrobora com o cálculo acima: reajuste nos preços de venda versus inflação nos alimentos (fonte: Valor Consulting e ABERC).
Índice |
Setembro/23 | Acumulado
2023 |
Últimos
12 meses |
Acumulado
2022 |
Índice da JL Consultoria |
7,60 % | 1,60 % | 8,80% | 14,30% |
IPCA |
0,35% | 3,73% | 4,99% | 5,90% |
INPC (ago.) |
0,20% | 2,80% | 4,05% | 5,93% |
IGPM |
0,37% | -4,93% | -5,97% |
5,45% |
IPA M | 0,41% | -7,72% | -9,48% |
5,27% |
IPC-M | 0,27% | 2,55% | 4,18% |
4,30% |
FIPE | 0,29% | 2,01% | 3,51% |
7,32% |
Como temos destacado em artigos anteriores, há deterioração no lucro das empresas de alimentação corporativa, pois apesar de uma tendência de queda no índice, a inflação há alguns meses atingiu a casa de 25% no acumulado. Isso significa que os reajustes nos preços serão realizados, por exemplo, via IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) e índices menores, e não levam em consideração a inflação elevada dos últimos 12 meses
- Seu lucro está sendo consumido?
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JLucentini Consultoria
Referências bibliográficas:
DESTAQUE RURAL. Café: Setembro termina com queda nos preços e baixa atividade de mercado. Disponível em: <https://destaquerural.com.br/2023/10/04/cafe-setembro-termina-com-queda-nos-precos-e-baixa-atividade-de-mercado/>. Acesso em: 03 de out. 2023.
FUSCO, K. Vem aí a “Primavera de fogo”, com muito calor e seca. Disponível em: <https://correio.rac.com.br/campinasermc/vem-ai-a-primavera-de-fogo-com-muito-calor-e-seca-1.1422853>. Acesso em: 03 de out. 2023.
O GLOBO. Preço dos alimentos vai subir até 8% em setembro com reajuste dos combustíveis, prevê Abras. Disponível em: <https://www.folhape.com.br/economia/preco-dos-alimentos-vai-subir-ate-8-em-setembro-com-reajuste-dos/289388/>. Acesso em: 03 de out. 2023.
PAIM, C. IPCA-15 sobe para 0,35% em setembro; aumento de preços na gasolina foi principal fator da alta. Disponível em: <https://www.suno.com.br/noticias/ipca-15-setembro-sobe-alta-gasolina-cpf/>. Acesso em: 03 de out. 2023
PRESSINOTTI, F. Preços do arroz devem se acomodar em setembro, após recorde em agosto. Disponível em: <https://globorural.globo.com/agricultura/arroz/noticia/2023/09/precos-do-arroz-devem-se-acomodar-em-setembro-apos-recorde-em-agosto.ghtml>. Acesso em: 03 de out. 2023.
TAGUCHI, V. Perigo: onda de calor pode encarecer o preço dos alimentos no Brasil. Disponível em: <https://www.band.uol.com.br/agro/noticias/perigo-onda-de-calor-pode-encarecer-o-preco-dos-alimentos-e-prejudicar-a-saude-16626831>. Acesso em: 03 de out. 2023.