Quando trabalhamos nos processos de coaching empresarial, em parceria com os gestores, elaboramos um trabalho a quatro mãos, desenhando um novo cenário e, acima de tudo, avaliamos se as equipes atuais estão aptas ao desafio de pavimentar a nova rota organizacional. Assim, trabalhamos com algumas ferramentas específicas para análise comportamental: a ferramenta DISC, de Inteligência Emocional, e outros instrumentos aplicáveis com a área de Recursos Humanos.
Dentro dos perfis que encontramos há um deles que abordaremos neste artigo, o narcisista. Antes vamos apresentar suas origens, cujo termo vem do mito grego de Narciso, um jovem bonito e indiferente ao amor que, ao se ver refletido na água, apaixona-se pela própria imagem refletida.
O conceito de egoísmo excessivo tem sido reconhecido ao longo da história e, na Grécia antiga, foi entendido como arrogância. Todavia, somente nos últimos tempos é que o conceito foi definido em termos psicológicos e não objetivamos ampliar e discutir este tema que pertence a outras áreas, como psicanálise ou psiquiatria, mas pretendemos apresentar algumas evidências que encontramos em nossas missões.
O narcisismo é definido como um transtorno de personalidade que possui um padrão persistente de grandiosidade, falta de empatia e necessidade de admiração, cuja condição mental leva o indivíduo a um senso inflado de sua própria importância e a uma profunda necessidade de atenção e admiração excessivas, com relacionamentos conturbados e falta de empatia pelos outros.
As preocupações das pessoas narcisistas estão sempre ligadas ao seu próprio bem-estar e sucesso, por isso é difícil a convivência. Para alcançar seus objetivos elas podem tomar atitudes inesperadas, que colocam terceiros em desvantagem, ou serem emocionalmente manipuladoras.
Todavia, nem todas as pessoas narcisistas possuem más intenções e, como acontece com outras condições, este transtorno de personalidade tem sintomas que se manifestam em intensidades distintas, sendo que o grau mais brando toma decisões visando a chamar a atenção para se sentir bem consigo mesmo, enquanto no grau mais elevado o raciocínio por trás da tomada de decisão também é o benefício próprio, mas o indivíduo não se incomoda em ter atitudes problemáticas ou amorais para conseguir o que quer.
Alguns exemplos são pais ou mães que desejam controlar a vida dos filhos, na tentativa de viver através deles; no trabalho, são os colegas que querem colocar outros profissionais para baixo para tentar se destacar ou, ainda, sabotá-los; nos matrimônios, são os cônjuges que ignoram os sentimentos do parceiro e preocupam-se apenas com as suas próprias necessidades emocionais.
Os narcisistas dificilmente escutam os outros, pois acreditam estar sempre certos. É preciso ter paciência para ajudá-los a ver as coisas sob outra perspectiva. Alguns sintomas do narcisista são:
- Sensação de grandiosidade – possuem autoestima inflada.
- Necessidade excessiva de atenção – tomam decisões somente visando à possibilidade de receber algum reconhecimento em troca.
- Mentiras – podem mentir para se safar de uma situação desagradável ou mentir sobre os eventos de um fato ocorrido para se colocar em uma posição de maior importância.
- Comportamento de vítima – se fazem de vítima quando são confrontadas por suas atitudes. Mesmo que tenham sido o pivô da situação desagradável, têm dificuldade para assumir a responsabilidade por suas ações e tomar atitudes para remediar seus erros. Por isso, terceirizam a culpa.
- Não se preocupam com coisas pequenas – são pessoas que se preocupam com sucesso, conduta exemplar, dinheiro, status, amigos influentes, admiração, roupas de grife e carros luxuosos. Acreditam que fatores que a colocam em uma posição de destaque na sociedade são extremamente importantes.
- Inveja – possuem dificuldade para ficarem felizes pelas conquistas dos outros, desejando sempre ser o centro das atenções e merecedores de coisas boas
- Falta de empatia ou empatia reduzida – têm dificuldade para se colocar no lugar do outro e não conseguem compreender a importância do impacto de suas ações em outros indivíduos.
- Dificuldade de aceitar críticas – são sensíveis às críticas e, face sua postura arrogante, pode não parecer que na verdade elas precisam de validação para se sentirem confiantes. Sendo assim, quando recebem críticas em vez de elogios não conseguem gerenciar o estresse oriundo dessa situação.
O narcisismo no trabalho é um problema que impacta o clima organizacional, podendo afetar o desempenho de equipes e lideranças. Isso impede que os narcisistas pensem e façam o que é melhor para seu departamento, empresa e clientes, resultando em conflitos e mal-estar em seus times, sendo possível que haja algumas pessoas na organização com esse perfil, que exige atenção constante.
Podemos realizar uma correlação dos profissionais cabotinos, que são os aqueles que adoram propagandear seus feitos e agem como se as conquistas e realizações fossem um mérito exclusivo deles, e não o resultado do trabalho de uma equipe.
Têm como hábito alardear suas conquistas, inovações e por aí vai, sempre em busca da autopromoção, atuando com influenciadores que podem alavancar sua carreira, e o comentário geral pode ser: “poxa, o Fulano é bom, um baita profissional!”.
Bibliografia:
BROTTO, T. Psicóloga explica como identificar um narcisista. 2023. Disponível em: <https://www.psicologossaopaulo.com.br/blog/psicologa-explica-como-identificar-um-narcisista>. Acesso em: 20 de abr. 2023.
GEORGOULIS, L. Como se vingar de uma pessoa narcisista. Disponível em: <https://pt.wikihow.com/Se-Vingar-de-uma-Pessoa-Narcisista>. Acesso em: 20 de abr. 2023.
LUCENTINI, J. C. o profissional cabotino. 2022. Disponível em: <https://jlfoodnews.com.br/o-profissional-cabotino>. Acesso em: 20 de abr. 2023.