- Metodologia de apuração
A apuração de nossa consultoria representa o índice de inflação nas compras das empresas de alimentação, que compreende um serviço completo diário: café da manhã, almoço com sopa, lanche da tarde, jantar e ceia, com preço à vista, cuja pesquisa é realizada no mercado atacadista de alimentos, portanto não considera custos com fretes e reciprocidade de fornecedores.
- Breve histórico da inflação acumulada dos últimos 12 meses
Como podemos verificar no gráfico abaixo, a inflação medida nos 12 meses anteriores ao mês de apuração atingiu o pico de 28,5% em maio/22, que significa o período de junho/21 a maio/22, e assim por diante nos meses precedentes e subsequentes, culminando, em nossas tomadas de preços, numa evolução de 4,2% em novembro/22 e, no período dezembro/21 a novembro/22, de 11,8%, enquanto o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) perfez 5,9%.
Como se observa no gráfico, os dois indicadores têm apresentado a mesma tendência de queda. A possível consequência é que os índices de realinhamento de preços levam em conta, em grande parte das empresas, o IPCA, enquanto a real inflação atingiu picos elevados. Desta forma, a lucratividade das unidades operacionais pode estar declinando, a não ser que tenha havido acordo com os clientes para o repasse adicional, face à inflação, e/ou sido acordado com o cliente uma adequação nos serviços e não voluntariamente que, neste caso, gera descontentamento e reclamações, colocando em risco a continuidade do contrato. Destaque-se que o realinhamento de preços leva em consideração o IPCA em declínio, enquanto os custos de compra e produção de alimentos já tiveram o impacto da inflação elevada ocorrida durante o período do ano.
Essa redução de tendência tem alguns principais motivos: a) redução no preço dos combustíveis e frete; b) eliminação de tributos federais e de alguns Estados da Federação, que revisaram e estabeleceram teto para o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que será reembolsado pelo Governo Federal, no futuro; c) produção agrícola brasileira; d) abastecimento regular das matérias-primas e de embalagem, que foram impactadas pela escassez durante o período da pandemia; e) redução do nível de desemprego.
- Inflação em novembro/22 e tendência em dezembro/22
Com as festas de final de ano se aproximando, os preços das mercadorias no geral começam a ter um valor “especial”, principalmente no setor dos alimentos, com a contratação de cardápios de final de ano, cuja procura é maior e, consequentemente, gera aumento nos preços. Destacamos que não ter um planejamento proativo em compras gera um aumento significativo nos custos.
O encarecimento dos produtos do grupo alimentação e bebidas foi determinado, sobretudo, pelos alimentos para consumo no domicílio. O maior avanço nos preços, segundo nossa apuração, foi o da batata-inglesa, que subiu 57,14%, seguido pela cenoura, com 43,38%, a cebola, com 41,94% e pelo tomate, que perfez 33,74%. Esses quatro alimentos tiveram grandes participações nos valores finais de três grupos; a cebola e o tomate impactaram no setor das saladas, que totalizou em 17,33%. Já a batata e a cenoura foram os causadores pelo valor na guarnição, que resultou em 5,11%. A junção dos quatros alimentos no grupo da sopa teve a grande influência nos 16,08% marcados.
Fonte: JL Consultoria Empresarial.
Os empresários e respectivos especialistas econômicos do setor afirmam que em novembro houve um desequilíbrio na oferta de produtos como frutas, verduras e legumes, devido aos bloqueios nas rodovias brasileiras das manifestações políticas. Isso refletiu muito nos preços dos alimentos como podemos observar na tabela a seguir.
Além dessa situação das paradas nas estradas, o clima mais uma vez colaborou nos valores. A poderosa massa de ar frio trouxe uma onda de temperatura baixa absolutamente incomum para esta época do ano, afetando muitas plantações de diversos cultivos, e o aumento não ficou somente nos alimentos citados acima; o arroz e feijão, que no mês anterior (outubro/22) estavam com valores negativos, em novembro subiram para 3,66% e 8,94%, respectivamente, enquanto os grupos do molho para saladas e dos temperos também tiveram alta em seus preços, para 7,25% em ambos. O item responsável por esse valor é o shoyo, que disparou 38,85%.
Outro grupo que já está mostrando uma pequena mudança em seus valores é a proteína, que perfez 0,84%, que parece um valor baixo, mas já é uma estimativa do que está por vir em dezembro, com a aproximação do Natal, onde a procura por aves aumenta consideravelmente.
Todavia, mesmo com um mês de muitas altas de preço, houve também algumas exceções, como o café, que caiu para -9,64%, e as bebidas que despencaram -7,13%.
- Índices oficiais versus índices reais de inflação da alimentação
Comparativamente aos índices oficiais, temos o seguinte quadro comparativo, que corrobora com o cálculo acima: reajuste nos preços de venda versus inflação nos alimentos (fonte: Valor Consulting).
Índice |
Novembro/22 | Acumulado
2022 |
Acumulado 2021 |
Índice da JL Consultoria |
4,20% |
11,80 % |
24,00% |
IPCA |
0,53% |
5,90% |
10,12% |
INPC (out.) |
0,47% |
4,31% |
9,36% |
IGPM |
-0,56% |
4,98% |
17,79% |
IPA M |
-0,94% |
4,77% |
20,58% |
IPC-M |
0,64% |
3,84% |
9,32% |
Temos destacado em artigos de meses anteriores a deterioração no lucro das empresas de alimentação corporativa. Enquanto o impacto nos custos de alimentação é de 11,80%, os reajustes de preços, em maioria pelo IPCA (5,90%), que nem sempre são repassados na íntegra, produzem uma redução direta sobre o RBO (Resultado Bruto Operacional) e, consequentemente, no lucro final da empresa.
Caso haja mudança nos cardápios, diminuindo sua qualidade com objetivo de diminuir prejuízos, possíveis impactos indiretos são a insatisfação do cliente e possível ruptura de contrato, diminuindo a probabilidade de fidelização desse cliente. Desta forma, o impacto econômico e financeiro nos últimos 12 meses pode ser medido da seguinte forma: 60% dos custos de matéria-prima sobre os custos totais da unidade operacional = 60%, diferença entre a inflação medida pela JLucentini e o IPCA (de 11,80% – 5,90% = 5,90%) e, consequentemente, perda possível no RBO = 60% x 0,0590 = 3,54%.
- Seu lucro está sendo consumido?
Caso sua empresa esteja em situação similar à descrita nesse artigo, podemos ajudá-lo. Nossa experiência permitirá ajudar a sua empresa a encontrar a melhor relação custo-benefício em toda a sua cadeia produtiva, de venda e retenção de clientes. Não deixe de nos contatar.
Cordial abraço,
Consultoria JLucentini
Referências bibliográficas:
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FOLHAPRESS. Puxada por alimentos, o IPCA-15, prévia da inflação, fica em 0,53% em novembro. 2022. Disponível em: <https://www.acessa.com/economia/2022/11/111628-puxada-por-alimentos-o-ipca-15-previa-da-inflacao-fica-em-053-em-novembro.html>. Acesso em 11 de nov. de 2022.
GONÇALVES, R. Alimentos e combustíveis registram altas nos preços em novembro. 2022. Disponível em: <https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2022/11/25/internas_economia,142
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SIAS, E. Frio do começo de novembro chega a superar médias do inverno. 2022. Disponível em: <https://metsul.com/frio-do-comeco-de-novembro-chega-a-superar-medias-do-inverno/>. Acesso em 11 de nov. de 2022.