- Metodologia de apuração
A apuração de nossa consultoria representa o índice de inflação nas compras das empresas de alimentação, que compreende um serviço completo diário: café da manhã, almoço com sopa, lanche da tarde, jantar e ceia, com preço à vista, cuja pesquisa é realizada no mercado atacadista de alimentos, portanto não considera custos com fretes e reciprocidade de fornecedores.
- Inflação em dezembro/22
Como ocorre anualmente, o mês de dezembro é um período de festividades e a procura maior por alimentos ocasiona aumento nos preços no atacado e varejo. Ressalte-se que os produtos usados na ceia de Natal ficaram, em média, 20% mais caros no fim de 2022 do que estavam no fim do ano de 2021, conforme informações no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre novembro e dezembro, os preços dos alimentos para consumo no domicílio subiram 0,78%, influenciados pelas altas da cebola (26,18%) e do tomate (19,73%), refletindo e intervindo o aumento no setor das saladas, onde atingiu 1,50%. Além disso, os preços do arroz (5,81%), do feijão (7,02%) e das proteínas (3,62%) também subiram em dezembro, contribuindo para a alta observada no grupo.
Entre os itens que mais subiram estão a batata inglesa (29,90%) e o ovo de galinha (20,10%). O azeite também apresentou alta significativa, com 5,51% de aumento, interferindo no grupo de temperos e molhos para saladas, que alcançaram 7,90%.
O frango inteiro teve elevação de aproximadamente 11,69%. Já as carnes apresentaram avanço de 7,40% nos últimos 12 meses. Além desses itens, produtos que não são utilizados exclusivamente em época de Natal também subiram, como as frutas (38,8%), a farinha de trigo (30%) e a maionese (29,9%).
O grupo das guarnições fechou em dezembro com 6,01%, reflexo do aumento da batata (6,24%), da mandioca (35,85%), da couve-manteiga (27,05%), do espinafre (24,90%) e das massas (8,92%).
Fonte: JL Consultoria Empresarial.
Mas, segundo nossa apuração, um dos maiores aumentos foi marcado pelo café, que perfez 9,38%. O preço do café é estabelecido a partir de um conjunto de fatores que envolvem custos de produção, cotação do dólar, política econômica e até mesmo fatores climáticos. Por essa razão, podemos observar essas elevações e quedas significativas do preço, que ocorreram em meses distintos durante o ano de 2022. Somente o grupo de produtos componentes da sopa e das bebidas tiveram baixas em seus valores, segundo nossa apuração, totalizando respectivamente -2,89% e -6,60%.
- Prévia da inflação em 2023
A inflação de alimentos e bebidas tende a subir menos em 2023 do que no ano de 2022, mas deve mostrar um patamar de preços ainda alto e desconfortável no cardápio das empresas de alimentação.
Desde o início da pandemia (de fevereiro de 2020 a novembro de 2022), o grupo alimentação e bebidas acumulou alta de 36,06% no Brasil, conforme dados do IPCA, enquanto o índice apurado pela nossa consultoria perfez 38,30%. Só no acumulado de 2022, o grupo avançou 10,91% até novembro, ante 5,13% do índice geral.
Na primeira metade do 2022, fortes chuvas reduziram as ofertas das frutas, verduras e legumes em regiões como Sudeste, havendo repasses para os preços. A estiagem que atingiu o Sul também pressionou os alimentos. Não bastando os extremos climáticos, a guerra na Ucrânia elevou as cotações de commodities agrícolas, como milho e trigo no mercado internacional. Ou seja, diversas pressões surgiram após a pandemia, jogando os preços lá no alto, alcançando até mesmo as produções no campo.
Para 2023, a previsão é que o índice ficará em torno de 4% e 6% no acumulado do ano. Caso não haja grandes problemas climáticos, as projeções positivas para as safras no geral se confirmarão. As carnes estão entre os itens que podem ter mais alívio nos preços, em um cenário de trégua dos grãos usados na alimentação dos animais, todavia, a retirada do subsídio do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e, dentro de três meses, dos impostos federais, proporcionará um aumento no preço dos combustíveis e também dos fretes, ocasionando inflação.
Segundo analistas, a provável desaceleração da economia global em 2023 tende a conter a demanda por commodities e frear os preços elevados, o que poderá reduzir a balança comercial do Brasil.
- Índices oficiais versus índices reais de inflação da alimentação
Comparativamente aos índices oficiais, temos o seguinte quadro comparativo, que corrobora com o cálculo acima: reajuste nos preços de venda versus inflação nos alimentos (fonte: Valor Consulting).
Índice | Dezembro/22 | Acumulado
2022 |
Acumulado
2021 |
Índice da JL Consultoria | 2,70% | 14,30 % | 24,00% |
IPCA | 0,52% | 5,90% | 10,12% |
INPC (nov.) | 0,38% | 5,20% | 9,36% |
IGPM | 0,45% | 5,45% | 17,79% |
IPA M | 0,47% | 5,27% | 20,58% |
IPC-M | 0,44% | 4,30% | 9,32% |
Temos destacado em artigos de meses anteriores a deterioração no lucro das empresas de alimentação corporativa. Enquanto o impacto nos custos de alimentação é de 14,30%, os reajustes de preços, em maioria pelo IPCA (5,90%), que nem sempre são repassados na íntegra, produzem uma redução direta sobre o RBO (Resultado Bruto Operacional) e, consequentemente, no lucro final da empresa.
Caso haja mudança nos cardápios, afetando sua qualidade com o objetivo de diminuir prejuízos, possíveis impactos indiretos são a insatisfação do cliente e possível ruptura de contrato, diminuindo a probabilidade de fidelização desse cliente. Desta forma, o impacto econômico e financeiro nos últimos 12 meses pode ser medido da seguinte forma: 60% dos custos de matéria-prima sobre os custos totais da unidade operacional = 60%, diferença entre a inflação medida pela JLucentini e o IPCA (de 14,30% – 5,90% = 8,40%) e, consequentemente, perda possível no RBO = 60% x 0,0840 = 5,04%.
- Seu lucro está sendo consumido?
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Cordial abraço,
JLucentini Consultoria & Associados
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Referências bibliográficas:
BBC NEWS. Como inflação mexeu em preços da ceia de Natal para 2022. 2022. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63971341>. Acesso em 10 de jan. de 2023.
DANTAS, M. Inflação registra alta de 0,52% em dezembro e termina 2022 em 5,90%. 2022. Disponível em: <https://diarural.com.br/inflacao-registra-alta-de-052-em-dezembro-e-termina-2022-em-590/>. Acesso em 10 de jan. de 2023.
O POPULAR. Inflção dos alimentos deve ser menor em 2023, mas ainda desconfortável. 2022. Disponível em: <https://opopular.com.br/noticias/economia/infla%C3%A7%C3%A3o-dos-alimentos-deve-ser-menor-em-2023-mas-ainda-desconfort%C3%A1vel-1.2584086>. Acesso em 10 de jan. de 2023.
UOL. Alimentos para Ceia de Natal aumentaram 15,61% em 2022, diz FecomercioSP 2022. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2022/12/09/alimentos-para-ceia-de-natal-aumentaram-1561-em-2022-diz-fecomerciosp.htm>. Acesso em 10 de jan. de 2023.